O historiador Eric Hobsbawm (1917-2012)
O historiador Eric Hobsbawm morreu na manhã desta segunda-feira (1º), aos 95
anos, de acordo com a família. O historiador marxista e escritor estava
internado no hospital Royal Free, em Londres, depois de um longo período
doente.
"Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã, em
Londres", afirmou a filha do historiador, Julia Hobsbawm, em comunidado. "Sua
falta será sentida não apenas pela sua mulher há 50 anos, Marlene, e seus três
filhos, sete netos e um bisneto, mas também pelos milhares de leitores e
estudantes em todo o mundo."
Nascido em 1917, na Alexandria, no Egito,
Hobsbawm se tornou conhecido por obras como a "História do século 20" e "A Era
dos Extremos", traduzida para mais de 40 idiomas. Filho de pai britânico e de
mãe austríaca, mudou-se para Viena quando tinha dois anos, e depois para Berlim.
Aos 14 anos, ingressou no Partido Comunista.
Tornou-se membro da Academia
Britânica, em 1978, e foi premiado com a Ordem dos Companheiros de Honra, em
1998. Seu último livro foi "Como Mudar o Mundo - Marx e o Marxismo", lançado em
2011.
O intelectual estudou na Universidade de Cambridge e em 1947 se
tornou professor na universidade londrina de Birkbeck, onde colaborou durante
anos até chegar a sua presidência. Também foi professor convidado na
Universidade de Stanford, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na
Universidade de Corne. (Com agências)
Hobsbawm é autor do livro Bandidos que serviu de referencia
para vários pesquisadores do tema Cangaço
O bandistismo social. Eric Hobsbawm explora as perpectivas
políticas do banditismo e sua história no contexto do poder e do controle por
parte dos governos e do Estado. O bandido social - Pancho Villa,
Lampião, Robien Hood et caetra - é explicado como um rebelde
potencial: o elemento social que, estando fora do alcance do poder e sendo ele
mesmo detentor de poder, resiste a obedecer.
Um trecho do de
"Bandidos".
A economia e a política do
banditismo
"O bando de salteadores está fora da ordem social
que aprisiona os pobres. É uma irmandade de homens livres, não uma comunidade de
pessoas submissas. Contudo, não pode apartar-se inteiramente da sociedade. Suas
necessidades e atividades, sua própria existências, fazem com que ele mantenha
relações com o sistema econômico, social e político convencional. De modo geral,
os observadores desprezam este aspecto do banditismo, mas ele é suficientemente
importante para exigir exame.
Examinemos, em primeiro
lugar, a economia do banditismo. Os ladrões têm de comer e se abastecer de armas
e munições. Têm de gastar o dinheiro que roubam, ou vender os resultados dos
saques. A rigor, no mais simples dos casos, eles necessitam de muito pouca
coisa, além daquilo que os camponeses ou pastores locais consomem - alimento,
bebida e vestuário produzidos localmente - e podem dar-se por satisfeitos por
obtê-los em grandes quantidades e sem a labuta do homem comum".