Cabeças cortadas
O século XIX elaborou e legou ao século XX uma referência denominada Frenologia.
Esta surgiu como uma área da Ciência, pendendo entre Medicina Forense, Medicina Legal e Antropologia Física. Propunha-se a localizar e provar que as características de uma pessoa estavam impressas e expressas no formato do crânio.
Desta maneira, o dito "caráter" de uma pessoa já viria marcado desde o seu nascimento. Haveria uma "natureza" de cada indivíduo materializada fisicamente.
No Brasil, o expoente desse conceito foi o Raimundo Nina Rodrigues, nascido em Vargem Grande, Piauí, em 1862, com curso de Medicina em Salvador e Rio de Janeiro.
Estabelecido em Salvador, deu aulas na Faculdade de Medicina. Seu trabalho girou em torno de uma "Antropologia Patológica".
Seus trabalho detém um cunho marcantemente racista, com destaque para ataques às miscigenações. Em sua visão, os miscigenados seriam aqueles que mais mostrariam características tendendo à criminalidade.
Esta surgiu como uma área da Ciência, pendendo entre Medicina Forense, Medicina Legal e Antropologia Física. Propunha-se a localizar e provar que as características de uma pessoa estavam impressas e expressas no formato do crânio.
Desta maneira, o dito "caráter" de uma pessoa já viria marcado desde o seu nascimento. Haveria uma "natureza" de cada indivíduo materializada fisicamente.
No Brasil, o expoente desse conceito foi o Raimundo Nina Rodrigues, nascido em Vargem Grande, Piauí, em 1862, com curso de Medicina em Salvador e Rio de Janeiro.
Estabelecido em Salvador, deu aulas na Faculdade de Medicina. Seu trabalho girou em torno de uma "Antropologia Patológica".
Seus trabalho detém um cunho marcantemente racista, com destaque para ataques às miscigenações. Em sua visão, os miscigenados seriam aqueles que mais mostrariam características tendendo à criminalidade.
Raimundo Nina Rodrigues
Daí ter se empenhado em conseguir e manter as cabeças de Lucas de Feira e Antônio Conselheiro.
Nina Rodrigues faleceu em Paris, em 1906, sendo inumado, finalmente, em Salvador, Bahia.
Em contraposição a essa linha, elevaram-se vozes, cujo resplandecer mais claro apareceu nas linhas de Euclydes da Cunha. Este, vindo acompanhar o massacre da Rebelião Conselheirista de Canudos, objetivava flagrar confirmações da posição de Nina Rodrigues. Entretanto, o que testemunhou colocou-o na senda contrária.
Daí, em vez de estropiados fracos, viu-se obrigado a reconhecer:
"- O Sertanejo é, antes de tudo, um forte!"
Entretanto, adentrado o século XX, a linha de Nina Rodrigues seguiu firme, através de vários discípulos.
Estabeleceu uma forte escola assentada nas suas propostas.
Daí, quando aconteceu o evento do Cangaço, tornou-se lugar comum o estudo das cabeças dos Cangaceiros abatidos. O primeiro deles foi a do cangaceiro Gavião, que chegou a Salvador no início de 1930. Quando aprisionado, o cangaceiro Volta-Secca, tiveram os discípulos da proposta de Nina Rodrigues a oportunidade de realizar o estudo do seu crânio em vida. Procuraram sempre indícios da marginalidade e decadência.
Estudaram-se os crânios dos cangaceiros abatidos na Lagoa do Lino, no caso, Azulão, Canjica, Maria e Zabelê. Finalmente, estudaram-se os crânios dos cangaceiros abatidos em Angicos, em 1938.
Um estudioso que começou a se destacar, apontando o caminho da derrocada da Frenologia, foi Estácio de Lima. Nascido em Marechal Deodoro, em Alagoas, em 1897, cursando Medicina, acabou se tornando docente das Faculdades de Medicina e Direito da Universidade Federal da Bahia, antigo catedrático de Medicina Legal da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública da Universidade Católica de Salvador e da Faculdade Federal de Odontologia. Nesse caminho tratou de integrar a luta para desfazer a antiga linha de Nina Rodrigues.
Médico légista Charles Pittex
Lampião e Maria Bonita
Estácio de Lima
Em sua visão, o meio, a Vida e a História são os elementos que influenciam diretamente na tecitura dos caráteres humanos.
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Como fruto do momento em que ainda se acreditava na Frenologia, os crânios de Lampeão e Maria Bonita foram estudados.
Abaixo o estudo dos seus crânios, conforme apareceu reproduzido na publicação:
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BEZERRA, João. “Como dei cabo de Lampeão.” Recife (Pernambuco): Fundação Joaquim Nabuco - Editora Massangana, 1983.
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O "estudo antropométrico" foi assinado pelo dr. Lages Filho, então diretor do Serviço Médico Legal de Alagoas.
Em sua visão, o meio, a Vida e a História são os elementos que influenciam diretamente na tecitura dos caráteres humanos.
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Como fruto do momento em que ainda se acreditava na Frenologia, os crânios de Lampeão e Maria Bonita foram estudados.
Abaixo o estudo dos seus crânios, conforme apareceu reproduzido na publicação:
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BEZERRA, João. “Como dei cabo de Lampeão.” Recife (Pernambuco): Fundação Joaquim Nabuco - Editora Massangana, 1983.
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O "estudo antropométrico" foi assinado pelo dr. Lages Filho, então diretor do Serviço Médico Legal de Alagoas.
Lampião
A largura da orelha esquerda é de 40 milímetros. Índice auricular de Topinar, tendo-se em conta as dimensões da orelha direita de 65 milímetros. Na face há visível, na região masseterina direita, uma pigmentação escura arredondada, medindo três milímetros de diâmetro, em nervus congênito. O olho direito apresenta um leucoma, atingindo toda a córnea. em resumo; embora presentes alguns estigmas físicos na cabeça de Lampeão, não surpreendi um paralelismo rigoroso entre os caracteres somáticos da degenerescência, revelados pela mesma e a figura moral do bandido. assim, apenas verifiquei como índices físicos de degenerescência as anomalias das orelhas, denunciadas por uma assimetria chocante, a abóbada palatina ogival e a microdontia. Faltam as deformações cranianas, o prognatismo das maxilas e outros sinais aos quais Lombroso tanta importância emprestava para a caracterização do criminoso nato. Todavia, nem por isso os dados anatômicos e antropométricos assinalados perdem a sua valia pelas sugestões que oferecem na apreciação da natureza delinqüencial de Lampeão.
Maria Bonita
Resultado do exame da cabeça de Maria BonitaA cabeça de Maria Bonita deu entrada às 10 horas da noite de 31 de julho de 1938 no Serviço Médico-Legal do estado de Alagoas em mau estado de conservação, razão por que não foi retirado o encéfalo, já reduzido a uma pasta esbranquiçada e amorfa que se escoava pelo orifício occiptal. as partes moles infiltradas não permitiram fossem melhor apreciados os traços fisionômicos da companheira de Lampeão, os quais, aliás, não pareciam desmentir o apelido que lhe deram. Aparentava ser uma mulher de trinta a trinta e cinco anos de idade. À primeira impressão, o que mais prende a atenção é vêem vê-la é a sua testa alta e de todo vertical. cabelos negros, longos, finos e lisos, arrumados em tranças pendentes. Tez morena clara. Pode ser incluída no grupo dos brasileiros xantodermos da classificação de Roquette Pinto, o perímetro encefálico é de 57 milímetros. O diâmetro ântero-posterior máximo é de 195 centímetros. O diâmetro transversal máximo mede 150 milímetros. O índice cefálico, 33. Portanto, braquicéfala. O comprimento total do rosto alcança 190 milímetros. O comprimento total da face é de 120 milímetros. O comprimento simples da face, 153 milímetros. Índice facial da boca, 47,0. Lábios grossos, sendo a largura da cavidade bucal de 45 centímetros. Dentes pequenos, bem plantados e em excelente estado de conservação. Olhos castanhos escuros.
São estes os principais elementos colhidos, traçando-se o perfil antropológico de Maria Bonita. Não denunciam eles a existência de quaisquer estigmas de degenerescência ou sinais atávicos. Na busca de sua constituição delinqüencial muito mais importância teria o estudo psicológico que permitiria pôr em relevo os caracteres fundamentais de sua personalidade.
Em verdade, uma conclusão definitiva e segura só poderia ser tirada da apreciação físico-psíquica e biográfica da vítima, único meio capaz de revelar suas tendências ciminosas, mesmo se despertadas pela paixão e pelo amor.
fonte: http://cangaconabahia.blogspot.com/
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